Teu olhar é ímpar,
Indecifrável,
De uma cor que somete a alma consegue enxergar.
Nada se encontra em antigos alfarrábios que descreva toda essa meiguice,
Essa candura,
Tão latente e viva,
Que somente o silêncio, quando me olhas,
Conta-nos, em segredo, tantas histórias já vividas.
Deixa que seja assim.
O meu pouco é demasiadamente grande.
E dessas pequeninas coisas que o meu peito retém,
Quando aqui estás,
O valor é infinitamente supremo.
Dia e noite são apenas breves períodos,
Nos quais vivemos e nos atarefamos de tal maneira,
Que simples detalhes,
Se não observados,
Deixam passar o sublime no qual me agarro.
Teu olhar não é uma partícula distante.
É um colar colorido – e assim o faço, todos os dias.
E quando ando por aí, em minha distração, nada preciso procurar.
Nada preciso encontrar.
Teu olhar preenche os vasos das tristezas,
Clareia a mesa do café que arrumo todos os dias,
Faz-me acordar com o sabor do bom dia nos lábios.
Se o teu olhar assim me vê,
Com brandura e encantamento,
Nada mais vê do que o imenso afeto que existe dentro do teu.
Assim é o teu olhar.
Extrai de mim, tudo aquilo que sou.
Muito do que sinto.
E daquela menina que um dia fui,
Manterei viva a chama,
Que nunca se apagará,
Porque mantenho em mim, todos os dias,
A doçura do teu cândido olhar...
Angela Lazzari
(Aos vinte e cinco dias do mês de Fevereiro de 2020).