Nem sempre o falar, basta.
Alguns verbos permanecem calados,
Na calada da noite,
E às vezes, paira no ar denso,
Verdades que não mais são necessárias.
Parte de mim cochicha aos meus ouvidos,
- (ligando o sonho à realidade...)
Recordando-me o pacto de amorosidade que fiz há tempos,
Dentro de mim,
Que acabou por transformar a brandura do céu,
Num inferno amordaçado
- (talvez tenha sido necessário...)
São pedaços de memórias,
Cartas escritas em vão,
Coisas velhas,
-insignificantes...
Encontro-me, por acaso,
- agora,
Agarrada às entrelinhas do papel,
Visceralmente presa à minha janela,
- (tenho um poema para ser escrito nesse momento) ...
Por hora,
Aguardo a véspera do dia seguinte,
Observo o badalar do velho relógio na sala de estar...
E vou soprando palavras,
Flutuando acima da minha sombra,
Arrumando com cuidado a mala de couro,
- da viagem que não farei....
O sol se põe...
Por fim...
E o espaço que sinto,
- habitante de dias intermináveis,
Fica demasiadamente pequeno,
- Para tudo aquilo que pretendo escrever....
Angela Lazzari